Os lobos
Venham ao meu antro seus demónios...seus lobos de estepe...
Seus perdidos...incivilizados...estranhos...
Habituem-se ao desespero...escutem a neve e o gelo
Vivam no atoleiro...arrastem a vossa cauda escondida...
Olhem o Inverno...como uma fogueira gelada...
Bebam zimbro em cabaças...calem os trovões...
Cortem o cordão umbilical...que os liga às boas acções...
Sejam silenciosos...insinuantes...tentadores...
Mas não deixem sinais de vós...saiam de gatas...
Como sai o inverno para a primavera...sejam primavera...
Sejam mesmo a aurora esplendorosa...o espanto...a existência...
Na verdade... vós sois os meses...os séculos...os sentidos desfolhados
Sois o começo da tempestade...o alerta...o cair da folha inocente...
Sois simples almas...ogivais...risonhas...afogadas...desoladas...
Mas ternas e frias como a palidez dos dias
E uivem...como bandas sonoras do espanto!