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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Os portões do mar também se fecham

Quem pensa nas árvores e nos ninhos? Quem pensa na crucificação dos sentimentos? Quem se deixa embalar pela geometria do mar? Pelo convés da chuva? Pelo vértice febril do vazio? Não temos quem nos ensine os impossíveis. Subimos escadas tropeçando na crueldade dos palcos. Colhemos o primor da chuva com mãos de palha. Na água que corre descansam os segredos. Na corda dos relógios piam pássaros falsificados. Oblíquos desenhos de vida enferrujada. Nas mãos vazias desfio os novelos do amanhã. Na extinção das luzes pulsam os mistérios. Quem nos embala? Quem avança connosco mar adentro? E sempre voltamos à incógnita pedra que nos ameaça. Que nos lembra das ruínas dos sonhos. Chifre de mar onde calcamos a maré cheia. Os olhos cheios. E seremos sempre assim. Abraçaremos os delitos. Pensaremos. Sem medos. Sem perdões. Com as nossas penas construiremos os nossos destinos. As nossas próprias maresias. Seremos infinitamente esquecidos. Ultrajadamente sugados pela sonoridade do canto das gaivotas. Assombradamente extintos. E longe...longe de tudo. Sobre um monte de pedras...cantaremos. Os manhãs são penas que voam. Sabemos isso. Os amanhãs são débeis extinções de hoje. Todo o rosto é uma incógnita. Toda a maré é um tumulto. Todos nós somos sonoras aves que ameaçam ruir no mundo. Sim! Posso representar qualquer tragédia. Sim! Posso comer qualquer artifício. Mas terei sempre... um inacabado fio de prumo entre as mãos. Que me ensina a conhecer as ressacas geodésicas das tardes. E a sentir-me uma indecisa crisálida. Que sabe que os portões do mar também se fecham. E os galhos dos dias aí estão...para que lá possamos descansar.

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