Os sons do mundo
Tantas vezes nos enganamos. Tantas vezes abrimos distâncias dentro de nós. Tantas vezes dissecamos as urgências. E sabemos que não podemos atingir os nossos fins. Sabemos que não podemos ficar vazios. E que no fundo amamos as inquietações e os desamparos. Atingidos os limites. Atingida a plenitude de uma cósmica esperança. Torna-mo-nos cúmplices do tempo e do mistério. Sobrevivemos na resignação do nada. Porque nada mais importa. Porque irradiamos vida. Porque nos repercutimos nos sons do mundo. E a nossa força...reside na beleza de um olhar e de um sentir.
Anuncio aqui as minhas tempestades. Os meus prenúncios de frios e de geadas. A minha essência. Os meus invernos. As minhas ilimitadas convicções em límpidos dias. Em maravilhosas lendas. Em inesgotáveis surpresas. Quero pisar o limiar da dissolução. Aceder ao patamar das coisas sem tempo. Ao mistério do abandono. À braseira da alma. À indistinção dos corpos. À irrealidade de um céu sem tempo. E passear...devagar...pelas densas margens de um rio...difícil...mas perfeito. Um rio de abismos e de mergulhos. Um rio que vive na força positiva...da alma!