Os últimos raios de sol
Quando me sento perante as horas do silêncio
Parece-me que vejo um estremecer melancólico
Que me chama como se fosse um sol sem trono
E que faz do meu olhar correrem águas
Que saltitam pelas pedras...como guizos...
Correm...
Como se nunca tivessem visto um coração virgem de angústias
Nem as garças tristes que me pousam nos braços
Com os quais ergo a taça ancestral da loucura
Que perante os meus olhos se inflama de rubores...
Clamando por belas maresias...
Amorosas violetas que escorrem pela noite altiva...
Sussurram à vida alegres queixumes
Gesticulantes...
Como luvas brancas caídas de mãos decepadas...
Lá fora a ramaria abana o raro dia que escurece
O sol foge para ir alegrar as nuvens perdidas nos desertos
Enquanto calmamente os corpos abrem brechas róseas
De onde saem místicos clarões...
Convido as gerberas para enfeitar o meu jantar
E para podermos conversar
Sobre as camélias que florescem na sombra
Dos últimos raios de sol que pousaram na balaustrada!