Paisagens coloridas
A seu tempo saberemos o que somos
Uma lágrima ou um fruto maduro
Ou uma folha que pairando no lago inverte a sua sombra.
Vogamos num rio de águas pesadas
Existimos fascinados pelas cintilações da terra
As estrelas disputam a nossa verdura
Criamos o frio para nos acompanhar
E ficamos maravilhados pelo sal que desce pela nossa fronte
Sem isso seríamos a pena que não reluz na fantasia.
Uma chama sugere prazer e argila
Contento-me em ser a dissolução das minhas cinzas
Fascina-me a franqueza dos dedos nas cordas da viola.
Absurdas flores desabrocham no areal
Catam insectos que voam na fronte perfumada do mar
Depois...há as paredes feitas de carne...
Vida comida na linha das mãos
Nasci numa madrugada martirizada pelo medo de ser dia
Regressei ao meu deleitoso sono de ser homem
E despi-me das folhas que me cobriam.
Nas cavidades do verão residem sombras improváveis
Peles ingénuas cobertas de máscaras
Viver é desmembrarmo-nos... em paisagens coloridas!