Palavras soltas #11
Todos os dias... aos bocadinhos... vamos construindo um passado
Todos os dias... aos bocadinhos... fazemos em nós amuletos de espaço
Esquecidos dias... rutilantes ais... já nada nos une ao colo dos pais
De vez em quando subimos ao palco
Rasgamos a carne... num bolear de vento
De vez em quando arrancamos pássaros
Bem cá de dentro
De vez em quando flutuamos na palidez
De um passado sem tempo
E é grande a escassez
Da frescura da tarde
Que nos encerra o lamento
Cheiramos flores... na franja das ruas
Bebemos o mundo em catedrais semi-nuas
A dor é a marca...que marca o tempo
A felicidade é o vento
O vento que desmarca a marca do tempo
O tempo que marca a felicidade do vento
Gaivota de seda que no espaço flutua
Inverno na praia... gesto de rua
Como será o país onde a água transborda
A asa se quebra... o sal rói... e o rosto discorda
Piso o chão que os meus pés não sentem
Piso agora os meus pés dormentes
Piso as horas que caem como estrelas cadentes...