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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Palavras soltas #9

I

O cheiro da noite enche as ruelas

Nos olhos do leopardo rebentam estrelas

 

Erecto silêncio...encrespado horizonte

Andamos no mundo...bebemos a morte

 

Padecem ciúmes no gume do medo

Serenamente guardamos segredo

 

Cardo solar...longuíssima névoa

É urgente entender... a seiva...a treva

 

Evapora-se o susto nas hastes da praia

Lúcida chuva que em mim desmaia

 

E se em mim todo o céu se demora

Limpo o cheiro do lodo que se cola à hora

 

Agarro a vida com garra de aço

Subo...bebo o luto...flutuo no espaço.

 

Erguemos urgências...distribuímos sortes

Em lindos potros brancos...cavalgamos mortes

 

Cabelos brancos...secos...mostram nocturnas teias

Sustemos amargos prantos...enroscados nas veias.

II

Com o fogo do medo manchamos páginas

Temos vida de astros... amamos os medos

Dormimos nas luas esboçadas em sonhos

Dos lábios escorre seda fina...seiva

E a maresia solene guarda-nos os segredos.

 

E dentro do tempo...num mar de astrolábio...

Que ensina a esperar...e a desesperar

Imitamos a tarde saindo do mar...