Palmo a palmo...
Palmo a palmo... percorro o vento que me fustiga a alma
Palmo a palmo... chego ao espaço que fica entre mim e o lugar onde crescem as tardes
Nunca pensei ser outra coisa senão um corpo que se desfolha
E fico contente quando em vez de mim vejo uma sucessiva dança de fantasmas
Chega o dia...levanto-me como se atingisse a superfície das coisas intocáveis
Como se sair à rua fosse uma ousadia que a minha sombra mostra
É simples não ter esperança...é simples ocupar um espaço onde tudo é possível
É fácil lembrar-me da grande solidão dos países que invento
Como se fossem sinais que dispenso...braços que não estendo...fugas sem saída
As manhãs repousam nas águas
Os gestos que não faço mancham as luzes que se dispersam
Tudo são velas ao vento...enfunações de fábulas quebradas
E nós...que abrimos esses portões por onde as rosas espreitam
Ouvindo cantar os sonhos sem rumo...desarrumados por dentro de nós
Sabemos...que somos pescadores de outras águas...de outros destinos
Que não o nosso...