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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Palmo a palmo...

 

Palmo a palmo... percorro o vento que me fustiga a alma

Palmo a palmo... chego ao espaço que fica entre mim e o lugar onde crescem as tardes

Nunca pensei ser outra coisa senão um corpo que se desfolha

E fico contente quando em vez de mim vejo uma sucessiva dança de fantasmas

Chega o dia...levanto-me como se atingisse a superfície das coisas intocáveis

Como se sair à rua fosse uma ousadia que a minha sombra mostra

É simples não ter esperança...é simples ocupar um espaço onde tudo é possível

É fácil lembrar-me da grande solidão dos países que invento

Como se fossem sinais que dispenso...braços que não estendo...fugas sem saída

As manhãs repousam nas águas

Os gestos que não faço mancham as luzes que se dispersam

Tudo são velas ao vento...enfunações de fábulas quebradas

E nós...que abrimos esses portões por onde as rosas espreitam

Ouvindo cantar os sonhos sem rumo...desarrumados por dentro de nós

Sabemos...que somos pescadores de outras águas...de outros destinos

Que não o nosso...