Para além da minha compreensão
Olhar o espaço...
Desconhecer a distribuição dos planetas
Passar pelos dias como uma janela esventrada
Expelir pelas guelras dos peixes
O pavor das paisagens encobertas.
Paralelo a mim...
Há um rosto de madrepérola a espreitar na profundidade dos sóis
As estações do ano deslocam-se como paisagens em torvelinho
Corropio deslumbrante de sangue a escorrer pelos mapas do coração
Espécie de rio a jorrar pela contrariedade dos espelhos
Como uma cicatriz de verão quebrado na clareira dos rostos
Ai braço de poros tatuados com tranças de um tempo sem idade
Ai força que sufoca a vida
Faca cravada nas costas da melancolia.
Côncavas bocas beijando a limalha das paisagens
Alucinação de águia sombria a piar em volta da aridez do mundo
Estancado o sangue... aberta a válvula da penumbra...
Olho o charco negro do meu mundo...e rejubilo
Magnificente luz...anel de fogo...lenta insónia...
Ornamentada por todas as coisas que voam
Para além da minha compreensão.