Paredão granítico
Sentado no no paredão granítico e rude
que aperta o rio ao pôr-do-sol
a procurar ouvir os céus calados,
enrosco-me na terra,
como no útero da mãe que me abrigou.
A Terra, a Mãe...veleja pelo espaço,
Numa infindável rota sem limite de confins.
Sei também que a esta hora,
risos ou choros devem estar a marcar rostos,
(os risos ou os choros que ainda tiverem rostos para marcar),
e alguém... porventura já sem forças
tem que secar essas lágrimas
dizem que Deus é força possante...
mas não seca lágrimas.
Já os risos que são secos de lágrimas...
também podem chorar....
No outro lado da terra,
as estrelas tornam-se invisíveis
porque o sol germinante
começa a irradiar o seu clarão luzente
indiferente às alegrias e tristezas.
Aqui, ainda deste lado,
mesmo antes de cair a noite integral
os raios acariciam o ar docemente,
o rio vai-se alargando no escuro
aos poucos perde a sua margem.
Os montes ao longe,
tomam a forma de fantasmas
vestidos por uma ligeira neblina.
E no enebriamento do entardecer
apreendo que ninguém,
ninguém conhece o seu porvir
excepto o que todos sabem,
que os dias são farrapos que talham
o fato que todos iremos vestir.
O fatal andrajo do nosso ocaso.