Parte de nós apedreja o infinito..
Na fragrância macia da noite... despertam eclipses...dentro dos nossos olhos...
A liberdade vagueia pelas páginas súbitas da solidão
Há um silêncio de suicídio onírico...a enfeitar a flor ácida do sonho
Há navios feitos de golfadas de marés... desalinhadas pelos horizontes desfeitos
E nas costas dramáticas dos areais...há bússolas encantadas pelos desertos
É tão simples vaguear pelas ruas longínquas da noite
Sugar as estrelas com palhinhas coloridas
É tão simples emancipar as mãos...acenar ao mundo nocturno da alma
Libertar as antigas fotografias das paredes...soçobrar com elas...
Saber que dentro das fotografias as almas se condensam...em rostos sem significado
E a noite incendeia-se....o sonho sangra apoteoses congestionadas
A alma é um leque que seca o outono..e as flores são ruas coloridas pelo lastro da lua
Fumegamos nos nervos das manhãs..rompemos as órbitas bíblicas do sol
Dramáticos navios colam-se à nossa pele...estamos perto do silêncio que emborcamos nas esquinas
Coloridamente prometemos realizar sonhos..conquistar véus..descobrir a seda que nos cobre
E parte de nós apedreja o infinito...outra parte fumega sentada no baloiço ambíguo das florestas
Brincamos..corremos na lívida noite do amor...
Como chaves desertas...como fechaduras desencontradas...
Como fachadas enterradas no fundo dos olhos estilhaçados da solidão
Como episódios gastos pela aura de uma terra antiga
ou como extensas sedes a dormir na paz das ruas ...
Vazias...