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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Passei o dia com o peito vazio

Passei o dia com o peito vazio

As ruas eram desertos de tédio que se colavam ao interior do tempo

E eu perguntava às paredes ácidas e aos confins do silêncio

Se os desertos têm fim

Se o tempo é uma estrela a iluminar cada casa

Se nas planícies...o canto das cigarras é apenas vento a embalar o destino

E pensava...

Será que nas indecifráveis luas também há caminhos de sombras

Será que lá poderia tocar o vazio dos relógios...

Relógios feitos de uma respiração imóvel

Ah! se eu pudesse desenhar as sombras do vazio

Ah! se eu me pudesse desenhar as minhas próprias sombras

Que constelações acenderia na minha mão calcada pelo medo

Que antigas respirações trepariam pela minha carne em êxtase

Como folhagens de secretos frios

De ostensivos males

De densas arcadas inacabadas

De poemas sombrios feitos na textura dos becos

Como se fossem coisas que há em mim

Como se fossem coisas que não há em nenhum lugar

Como se fosse o brilho misterioso de um areal em desalinho

E eu emergisse de um branco caudal de alma...