Passo por ti num voo sem rumo..
Há um fulgor branco que atravessa as tuas tranças aneladas...uma luz inexplicável
Passo por ti num voo sem rumo..desnorteado...dormente...sou um excesso alucinado
No meu íntimo rosto trago algas e lagoas...sedes de extinções...dedos imperfeitos
Perco-me num fogo rápido...sou um cometa excessivamente veloz...um fogo esguio...
Atravesso os nevoeiros de cinza..extingo as cidades...descubro noites em rostos calados
Procuro o meu oásis...a minha palmeira alucinada...um lume que me recolha...
Flores subterrâneas crescem nas paredes...sobem aos quartos...conhecem-nos
Trazem memórias de outras flores... de outros destinos...de outros estremecimentos
Esguias estrelas amanhecem junto aos narcisos amarelos...putrefacções de silêncios...
As amendoeiras estão em flor..estou longe...recolhi-me na extinção de uma nebulosa
Num quadrado imperfeito...num regresso a um falso grito de concha encerrada...em mim
Sonho com oásis e percorro todos os teus dedos enfeitados com anéis que guincham...
Extingo-me lentamente numa memória sepulcral...deito-me...esqueço-me de ti....
E embebedo-me numa dança ventral...que ondula na sombra do teu corpo ausente!