Passos escorrem pela órbita sintética dos dias
Passos escorrem pela órbita sintética dos dias
Da nossa máscara sairá um ódio...ou um lamento
Sob os tectos ávidos de infinito...a morte veste-se de luz
A neve tilinta num brilho que ofusca as pedras
Enquanto nós..copiamos vidas..experimentamos fogos...mordemos urgências
A nossa língua beija os fantasmas que circulam pela nossa pele
No nosso sono o medo diz-nos que é urgente escrever o nome do consolo
A nossa língua beija a sorte...beija fotografias onde não está vivalma
Mas continuamos a juntar dentro da nossa verdade...
Os tijolos que nas fazem sentir construtores de infinitos
E enquanto as plantas dormem na música dos astros
Enquanto a incoerente solidão se despeja pelos nossos soluços
Fechamo-nos..como miolos de sangue enfastiado
Como corpos presos na gravidade absoluta dos dias
Como risos de mares que se escoam pelas tardes
A rir dizemos que nascemos de novo...que somos novos...que temos brilho
Mas o vento...corre como se nos dissesse que somos herméticos...baixos..lunares
Que manchamos a vida como esboços de aguarelas sedentas de cor
Como disfarces de uma luz que morre na sala de jantar
Como paisagens que sobem pelas colinas...como simulacros de luas despovoadas
Como se já não vivêssemos na divisibilidade incoerente da nossa alma...