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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Pedra a pedra

Ergo-me de encontro ao mar como se ele fosse música

Pobre mar que só te afastas e nunca me trazes a constelação de luzes que procuro

 

Sou como uma ave a viver na fundura das asas de um nevoeiro

Ergo as minha garras e cheiro o meu abandono das coisas

Ando no silêncio como um sonâmbulo a percorrer abismos

E à luz dos candeeiros desembaraço-me das encruzilhadas

Onde me esperam as aflições dos dias.

 

Na pele das plantas... rasgar o lodo...começar o grito...

Percorrer a chuva como quem quer ser alguém

Aqui ou em outro lado qualquer.

 

Deixo que o suor me escorra das mãos

E peço ao vento que leve de mim o espectro branco da saudade.

 

Pedra a pedra se constrói um véu

Pedra a pedra se alisam as lágrimas de punhal

De pé se escutam os rasgões do silêncio

Quando tudo pode ser...quando tudo se pode desvendar

Quando uma nuvem se disfarça de fantasma e nos castra os olhos

Não há céu..nem morte...nem dor...

Apenas cinzas...

 

Nunca mais deixes que os meus passos se estatelem no ritmar das algas

Protege-me com os teus dedos de noite

Inventa-me na inflamação das tuas mãos

Como se eu fosse a vida...de que me perdi...