Pegar num livro
Pegar num livro. Abri-lo numa página onde nasce uma manhã de flores. E sentir... a petrificação do inverno no voo das gaivotas. Vou até à linha onde passa o sonho. Passa o Sud-express...assobiando. O nada agita-se nesta sensação de triunfo contido. A vida agita-se nesta sensação de nada incontido. As palavras perfilam-se. Fazem companhia à acidez da tarde. É expressamente proibido calar a chuva. É completamente possível falar com o vento. Viver dentro dos séculos. Também é possível. Abrir o olhar e fazer calar as estátuas. Realizar um passo de uma dança.. venenosa. Uma dança que separa a vida de todas as outras coisas. Afoita.
Entre ruas e jardins crescem pequenas palavras. É fácil deixar pegadas no pôr-do-sol. Só não há solução para a ambiguidade de um caos insultuoso. Ou para uma tempestade de folhas caducas. De resto...o destino é como a erva. É um sobressalto. Um domingo envolto em nevoeiro. Uma pequena metáfora. Não há palavras que me segurem. Nem fé a horas certas. Há apenas....incertezas e... imaginação.