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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Pela a madrugada os homens do lixo recolhem os restos da noite

Pela  madrugada os homens do lixo recolhem os restos da noite
Nessa noite onde terrores sinistros desceram pelas gargantas
E as garrafas de vinho..paranóicas...despidas por dentro
São auroras escuras, que gestos exteriores despejaram
Não se arrependem da inutilidade
Não ostentam sinais interiores de dor
O luto e a alegria vive dentro delas
As gargantas que despejaram as garrafas
Procuram alguém com quem falar
As mãos que lhes pegaram...
Procuram alguém em quem tocar...
E perguntam de que valem os discursos, os livros,
Os poemas, as carreiras bem sucedidas...
Não vale a pena perguntar, tudo é um fogo fátuo
A vida vive-se...o dia conquista-se...
O nosso retrato esbate-se...dilui-se
De nada vale questionar os Deuses...
Os Deuses estão adormecidos...sonham com homens...
Revolvem-se na cama e olham para o lado...não têm insónias...
Insaciáveis...
E todos nos calamos...
O silêncio é sinistro...e belo
A vida é sinistra...e bela...
Os homens são sinistros...e belos...
Sobrevivem às pragas de gafanhotos
Que todos os dias descem sobre ele
Anónimos... enrolam-se na noite enevoada
Dormentes... ouvem as gargalhadas do Mito...
À socapa imaginam o Céu...
Os beirais das casas estão sujos
As porcarias da vida são sopradas pelo vento..
Pressentimentos...pressentimentos...
Os pressentimentos que escorrem pela aurora
São como espectros agitados e anónimos
Roçando a nossa vida..roçando-se em nós...desencantados
Vêm ao nosso encontro...como qualquer papel sujo...trazido pelo vento...
Transidos de medo...
Trazem consigo a falta de sentido da viagem...
Porque o sentido da viagem....
Está apenas...e simplesmente...em viajar!