Pensamentos soltos...
I
Era inverno. A chuva caía e arrastou os nossos corpos para a primeira vez em que nos encontrámos.
II
Tive uma varanda que dava para o voo das andorinhas. E sempre que elas chegavam eu sentia que voavam por dentro da minha própria primavera.
III
Enquanto espero por ti, vou inventando aragens para te soprar ao ouvido e te fazer arrepiar.
IV
Vejo uma frase nos teus lábios, vejo uma carícia em cada uma das tuas mãos, mas lá fora, na vida, vejo um bafo do medo que nos pode separar.
V
Se ainda aqui estamos, é porque não nos esquecemos da impossibilidade de não estarmos.
VI
Enchi os olhos com o mar,depois levei-o até ti e esperei que me inundasses com a tua alegria.
VII
Quando a luz da lua me tocou, senti um frio de espada a percorrer-me o corpo, mas eu já sabia que o frio da luz é igual ao do calor dos olhos.
VIII
Nas grutas do silêncio descobri a misteriosa aflição das sombras e o rouco interior do mar.
IX
O vento brilha sobre as tempestades enquanto os ciprestes se desdobram em agonias.
X
Construí o meu destino com uma arquitectura de estrelas, depois foi só tive que travar conhecimento com a infinitude dos céus.