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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Perdão

Por dentro da bruma luminosa da manhã

Desci a rua como quem persegue um qualquer destino

Procurei por entre a sombra plumosa das árvores do algodão

A extensão cinzenta de mim próprio

Confundi-me com as folhas

E com as flores que espreitavam nas janelas

Atirei longe o meu olhar

Como quem procura a esperança

Num ponto qualquer do céu

Caminhei pelo sol

Toquei na rudeza das casas ...perdi a idade

Sou agora o cume de qualquer coisa...o pérfido

O que bebe os sons das aves.

 

Arrepio-me...alucino

Hoje é tudo diferente dos outros dias

Há feras à solta...há castigos invernais

Qual será o que me espera?

 

Quem se sujeita a andar na rua...

Sabe que por entre o azul das sombras

Se passeiam laços de amizade

E que a irrealidade espreita pelo canto dos rouxinóis.

 

Por dentro da escassa beleza dos dias

O corpo senta-se nos ressaltos das portas

São degraus e degraus de vazio

As rugas crescem....os frios virão...

É o início dos silêncios...

A aportar ao cruel desfilar do destino

Prometi que um dia correria pelo perfume das ramadas

Que um dia faria companhia a qualquer ave solitária

Tão certo como saber que um dia a geada me cobrirá o sono

E as avencas perdoarão a minha falta de atenção

No fundo...ignoro todas as coisas...

Mas perdoo-me...

 

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