Perdidas como bocas condenadas....
Na cidade a água dança nas ruas...chuva verde-adocicada que veste o êxtase do corpo
Vibram ninfas nos lagos..portas sobrepostas sem tempo nem luz...abertas...inertes...
E na efígie da imortalidade despedem-se as coisas sem tempo...
É a vastidão de um tempo em fogo...um lento campo de flores lilases...
Bastião carmesim da alma...que suplica perante as cintilantes luzes...por frágeis purezas...
E a cinza gira no ar como um inverno feito por mãos sem geometria...
Existimos simplesmente..como uma perda...ou como um espaço desocupado...
Nem a primavera com a suas diferentes luzes nos acende...
Nem os recifes se despedem das algas...chamam-nos com acenos de flores impossíveis
Cospem nos dedos negros de fuligem...
É ali que vivem as Nereidas...Perdidas como bocas condenadas....