Pingo de palavra
Olho-te por dentro das palavras que se misturam com o brilho do meu olhar
Vejo-te como um poema escrito no princípio dos tempos
Sei que te posso apertar nos meus braços como se fosses a minha escrita
E que da mistura de alma e corpo... palavras e braços...
Saem respirações ofegantes
Sei que de todas as misturas...de todas as cegueiras...
De todas as palavras...nada nos explica
Nada nos diz que somos ar e milagre
Perfume e versos...corpos completos
Podias até ser o meu livro...
Aquele que desfolho perante a nostalgia dos dias
Podias até ser a minha extinção...o meu sangue
A respiração das páginas
E até talvez possas ser o insulto depois do prazer
O verso orgiástico... a frase mordida
E eu seria talvez o poeta que te recolhe nas mãos
Como um pingo de palavra condensada num beijo...