Podia descer contigo pelas veredas e passear por entre as tardes amenas..
Como num sonho... carrego a memória de um pássaro que voa sobre o vazio
Das asas pendem pequenos cristais de sal...lágrimas translúcidas...desvanecidas tardes
Sei que ninguém gosta da impotência da escuridão...nem dos rios que transbordam
Mas tu deslizas sobre o vento...deitas-te ao lado das folhas húmidas..és uma voz
Podia descer contigo pelas veredas e passear por entre as tardes amenas..
Apanhar banhos de sol...nadar num lago feito de maresias...ser a tua pele...sermos a tua pele
Mas a vegetação cobriu-nos...o vento atordoou-nos...uma parte de nós despenhou-se na bruma
E a ilha que queríamos alcançar desvaneceu-se...
Resta-nos a melancolia de um fantasma...uma dor que se sente só...uma água branca...
O nosso riso rodopia agora num infindável poço...onde os gemidos da água sopram inertes
Mas onde se ouvem repicar os sinos...e as nossas vozes falam de passados arquejantes!