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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Poeira

Naquele dia o nosso silêncio ficou parado na folhagem do mar

Havia calor e os barcos mergulhavam as proas em brilhos e firmamentos

Da névoa desceram as brancas areias...

Inocentes chuvas caíam sobre as palavras

Molhavam as sílabas que se dispersavam

Por todas as partes do nosso corpo

Um amor fugitivo brilhava-nos nos olhos

Atravessámos a nossa própria tempestade

E mergulhámos na linguagem coberta pela poeira do tempo

Que se ria de nós

Recolhemos pequenas pedras que caíam do espaço

Eram pedras solitárias...

Abandonadas pela dispersão do infinito

Tal como nós …

Não tinham casa nem lugar

Onde mergulhar os séculos que as possuíam

Talvez aquelas pedras fossem anjos itinerantes

Soberanos ao olhar dos deuses

Insensatos como um banco de jardim

Onde depositamos a nossa pobre pele

Mas era o destino...o capricho do mar...

A emoção que nos penetrava

Era como uma planície iluminada por um amor sem tempo

Calámo-nos...fugimos...

Sabíamos que o destino estava coberto de poeira

Sabíamos que haveria um regressar

Ao vento que cobre a madrugada

E leves...leves como provisórias vidas...

Dispersámo-nos pelos seios enternecidos da manhã...

 

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