Por entre a chuva cinzenta...
Tudo guardo nos meus bolsos. As cidades. As metáforas. A anestesia dos dias. Sim...e os ressentimentos. Compreendo que não me valem de nada..mas não os quero enterrar num qualquer cemitério de ilusões. Servem para me lembrar que alguns são apenas isso...alguns. Os ressentimento mesmo mesquinhos sempre servem para qualquer coisa. Servem para construir uma estátua...ou um vaga-lume. São o mesmo que uma renúncia...ou um cão atrás da cauda. São o meu direito de me afastar...ou... de me desfazer de incómodas filosofias de amor.
Por entre a chuva cinzenta... procuro uma alma limpa. Vejo as pessoas que avançam pelas ruas. Que fazem coisas. Que se comovem. Espero pela minha carta. Pelo meu nove de copas. Poderei até beber uma poção. Inventar um acontecimento. Posso deambular nu pelas hipóteses que não percebo. Posso cobrir-me com um cobertor. Posso perceber a verdade das causas perdidas. Andar em transportes públicos. Conhecer o inferno de uma travessia de barco. E ao mesmo tempo sorrir à melancolia.