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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Porque somos água.

A vida continua a escrever-se mesmo quando estamos sentados ou pensativos. A vida caminha por becos e saguões, por luzes e miradouros, por jarras  onde camélias de plástico disfarçam a lisura dos dias.

A vida segue por declives que desembocam em velhos cais onde velhos veleiros excitam a nossa imaginação.

A vida nunca acaba. A vida segue os nossos passos, segue rente a nós, encaminhando-nos sempre na direcção de um encontro, de um copo de vinho, de um amor.

A vida, é uma escuridão que imóvel nos persegue porque está sempre dentro de nós, é como uma flor que rebenta no nosso peito, um cardo ou uma pétala que o vento arrasta.

Espreitar a vida, pôr a alma a nu, descobrir no caminho assombrado das palmeiras, o breve frio das manhãs. Sentar na sombra da insensatez. Acender a irrealidade da névoa que nos marca os passos e ouvir, muito ao longe, a sirene áspera da melancolia.

Aturdidas ruas esperam por nós, e entre o silêncio de um lago e o desesperado voo de um pássaro, acode-nos uma vontade de esculpir os dias.

A inútil intermitência das tardes, desperta-nos para o labirinto onde a alma se torna um fantasma. E é aqui que a vida acaba...e tudo começa...como se os dias nos decepassem a vontade de querer ser mais do somos, porque somos sempre mais que que somos, porque somos leves como a terra e rijos como o barro.

Porque somos água.