Porque sou gás
Não me rio quando o céu se abre
Num oceano que passa rente a mim
Não me rio das subtis recusas
Disfarçadas num parêntesis
Questionarei as sombras
Até lhes gastar a paciência
Todos os meus esforços ficarão gravados
Num tempo indistinguível
Porque sou gás
E também porque sou um rio sólido
Que de repente se precipita
Pelos intervalos das palavras
Como se fossem buracos de um passado
Que sem saber como... caiu no Céu
Como se acreditasse
Num deus qualquer que lhe passe à porta
Ou como se fosse uma imagem
Que analisa com uma lupa subtil
Os recônditos êxtases do coração...