Portas sem saída
Confusos mistérios mostram-se
Perante os olhares que as paredes não suportam
Paredes que se confessam piedosamente
Como desesperados túmulos
Que as tardes de Inverno carregam no coração
Mistérios que morrem em convulsões
Encobertas pela névoa acesa de uma desolação sombria
Homens mistério e misteriosos homens
Todos suportam um fardo
Todos se sentam
Perante e atrás da janela ao cair do Outono
Todos agarram o coração
Com as duas mãos
Todos o contemplam embevecidos
Todos são absorvidos pelo viço
Que uma luz ocasional acende no olhar.
Todos procuram quebrar
O gelado desespero desse coração
Atirando para os abismos as recordações silenciosas
Que as sombras guardam em palácios
Com estranhas portas sem saída...