Praia solitária
Página atrás de página
Persigo o livro que se erga da névoa
Aos meus pés
Tenho o busto da espuma sorridente
E a minha boca procura o caminho
Para a orla misteriosa da tua alma
A névoa
Carcomida por um exército de pedras
Desce violentamente pela falésia
Ao encontro da espuma branca
Mas se não há marcas de passos
Na praia vazia de gente
Apenas marcas do poiso das gaivotas
Quem poderá escutar os vagidos da espuma?
Quem poderá escutar
O suicídio rolante das ondas?
A minha boca abre-se
Num hiato de divindade surpreendida
E eu ergo-me... pleno e frio
Sobre a máscara muda dum grito
Um grito que lança a sua chama
Como se fosse a página de um livro em branco
Onde a esperança é um eco
Gritado pelas pedras arrastadas pelas ondas!