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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Quando nascem flores nos meus olhos

Nasci para ser eu

Não nasci para ser um fato talhado à medida de outros

Nasci de uns olhos claros

Habitei o silêncio e fiz de cada coisa uma intimidade

Não regressei nem parti de qualquer lugar

E vivo a abraçar a estranheza de mim

Conheço a força clara do mar

E bebo da terra os sonhos quebrados

Colho tardes planto oásis

Nasci como uma secreta vela que embala as tardes

Guardo intacta a memória da primeira brisa

Guardo intacta a memória do primeiro abraço

Possuo o êxtase de uma onda a derribar na praia

E a mágoa branca de uma estátua pura

Por vezes perco-me na claridade da paisagem

Por vezes perco-me na exacta proporção do tempo

Sou maré de mundo e solfejo de mágoa

Sou a espera serena o linho branco

Devoro o tempo como ele me devora

E a mim próprio chamo bóia de salvação

Quando oscilo nos braços frios da dúvida

Quando uma auréola de olhar cai sobre mim

Quando nascem flores nos meus olhos.

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