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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Que lendas contaremos aos peixes na solidão das praias?

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Na página em branco tacteio-te como a uma ave que se despede de mim

A noite esvoaça...o mar fascina..o teu rosto sangra aventuras ao nascer da alba

Uma ave diz-me que no fundo da insónia

Mora um barco que parte na luminosidade da manhã

Um coração incerto fala-me da mágoa que esvoaça por sobre os meus olhos

Clareio...como uma boca que se abre ao vento

Ergo-me...como um vácuo que se prende à pele

Escrevo letras que são estilhaços de mim..sonos leves...precários dias

Na noite...por dentro do silêncio...

Vi a minha infância a despedir-se da manhã que sangra

Por vezes afasto os olhos do feixe de luz que me cega ...

Chamo-te como quem vive de esperança

Seremos dois a conhecer a solidão?

Seremos dois a caminhar em sentido contrário ao espelho que nos reduz a uma miragem?

A água magoa como uma luz cristalina que flutua ao vento

E se morresse? e se morrêssemos?

E se fôssemos apenas um cristal que se apaga numa sensação estilhaçada?

Envoltos o bolor coado da luz...basta-nos isso?

Ou preferimos renascer numa volátil explosão de incertezas?

Seremos capazes de amar e desaparecer numa auréola leitosa?

Seremos apenas uma luz que se afunda na frincha entreaberta dos dias?

Que despedidas seremos capazes de fazer?

Que lendas contaremos aos peixes na solidão das praias?

Que projectos nos sobressaltarão os sonhos?

Tudo escorre pelas nossas mãos de areia...

E mesmo que as ergamos num acordar de memórias

Sangraremos....sangraremos como espelhos que desaparecem nos instantes

E isso nos basta..basta-nos que o horizonte se despeça de nós....

Para que zarpemos em direcção ao sono...

E acordemos..lado a lado!