Que o silêncio se sente junto a nós
Abraço docemente o teu esplendor
Sento-me no brilho orvalhado dos teus olhos
Pouso-me sobre ti como uma ave suave
Que se oferece às tuas mãos
E ofereço carícias aos teus mamilos quentes como rosas
Verás conchas a cair dos céus
Gotas de água feitas de brasas
Torpores de folhas ao vento
Juntos procuraremos a ternura condescendente
Até desabrocharmos como carnes em botão
Floridos como estepes aflitas
Azuis como safiras sem fim
Emergindo do rio como degraus acariciados
Que o sol verta pelo chão os seus raios
Que a vida se lembre das verdes florestas
Que o silêncio se sente junto a nós
Perdido e descuidado
Como uma pedra que rola sem sentido
E que encalha mesmo à beira do precipício
Daquele precipício encantado
De onde vista alcança o rio onde toda a dor se abandona
Onde tudo vai na correnteza das águas...
E os seres se transformam em árvores antigas
cobertas de amor!