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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Que os anjos me sufoquem num céu deserto

Que sabes tu das ruas encharcadas pela chuva das almas ...crucificadas
Que sabes tu do pão roído pelos milhões de vampiros
A quem os tiranos de pele incerta e suja rasgam as entranhas
Que sabes tu das bebedeiras deitadas nos confins dos céus nublados
Que percebes tu das caras... e das idades sem cara e sem idade que povoam as ruas
Sim... temos o sol e o Inverno...e os sovacos cheios de desconforto
Temos as praias e a altivez pavorosa da incerteza
Temos o desconhecimento a pairar sobre as nossas cabeças
E os astros a florir sobre as nações cobertas de carnes desfraldadas aos cães
Temos validade e prazo para os sentimentos que em júbilo gritam...multicores...
Palavras pegajosas como saliva quente...
Onde irei eu arranjar quem me sopre e enfune as velas?
Eu que vejo a humidade da manhã a ser derrotada pelo vento
Eu que vejo sobre a minha cabeça todas as flores e todos os dramas
E que vejo ao longe a idade filha do tempo a escarrar sobre a minha imaginação
E tílias imensas bruxuleando raivas sobre feéricas memórias
Eu que só peço que venha depressa a guerra...que se mate a moral...
Que os anjos me sufoquem num céu deserto
Que derramem sobre a minha cabeça uma bela glória a Deus
Sem arte nem imaginação...apenas uma bela coroa de magia...
Dura e flexível ...feita de um material insensato e bestial
Onde eu possa acrescentar a sede...a chuva...o luar...
E todas as coisas que povoam os gritos que o inferno pagão ignora
E onde possa acrescentar... viva... a mão vazia e amiga de um vácuo
Como se fosse uma flor a pedir perdão...
Por ter nascido...