Quem diria que somos os mesmos
Há um cheiro de memória a enfeitar as sombras
A frescura da manhã
Assinala o despertar da verdade que queremos esquecer
Se tivéssemos asas...
Seríamos aves soltas na indecisão dos dias
Seríamos inesperadas fontes onde a luz se encandeia
E os olhos se alegram
Abriríamos as portas do passado...
Não para entrar...mas para sair...para voar...
Já não temos a medida da paz
Perdemos a infância nos volteios da vida
Quem diria que somos os mesmos que ontem corriam pelos valados
Que ontem procuravam abrir as ruas desconhecidas do sonho
E dizer...que tudo era nosso...
Como se fosse nosso o dever de sermos donos de nós...
Como se tivéssemos mesmo que ser quem somos...
Permanecendo ausentes...das coisas...
Renascemos...petrificados em poses de estátuas nuas
Sensíveis...saboreamos a chuva que afoga as mágoas
E nem sequer sabemos qual é a inconsciência do tempo
Que mansamente...nos fala de felizes segredos...
Vazios...