Quem és hoje?
Quando o futuro se esconde no vento...logo o presente toma o seu lugar. E somos grandes. E somos ermos. E deixamos pegadas na alma dos pássaros. É grave o riso e larga a margem. Pesados lugares aguardam por nós. Folhas caducas enchem as praças. Com pés de veludo calcamos o silêncio dos deuses. No cais do tempo embarcamos. Nenhuma palavra risca a saudade. Apenas fitamos a única saída. Porque na curva do outono....qualquer sudário nos serve.
Quem és hoje? Que profundo peso te atrapalha? Não te esqueças de desenterrar esse canto de ave. De abraçares a complexa tarde. De seres música tocada num impiedoso violoncelo. Feito com o primeiro voo das andorinhas.
Que te importam os caminhos e as poeirentas esperanças? Liberta essa suposta pomba branca. A tua mesa está posta. A tua estrela está pendurada na árvore do quintal. Entra com todo o teu peso na aceitação dos dias. Na orla do teu céu as nuvens são véus. E a tua sombra estende-se para lá de todos os teus medos. Só tens que te encher de tempo e... desaparecer na névoa do teu sonho.