Quem nos poderá ler? 1 foto 1 texto
Escuto as cigarras
O desespero percorre o meu quarto
Largo e profundo mundo de coisas pouco importantes
Exalo tempestades...fujo
Bebo sonhos como quem caminha por atalhos
Luzes abertas no meu espírito cansado
Sou o solo de nada...de coisa nenhuma...de lado nenhum
Arrepio bloqueado no escuro
Se a lua encobrisse todos os tédios
E todos os nomes dos meses
Se a lua encobrisse tudo o que trago pendurado em mim
Que é muito pouco
Um quase nada que me entontece
Um fugir pela madrugada pedregosa
Como um chão empestado de corpos prostrados
A fugir...a fugir...a fugir...
A fugir de uma noite que me amarra a outro dia
Que me atira para lugares espessos
Sonhos espaciais
Fervendo no ventre da terra encoberta pela noite
Risco de silêncio molhado pela cacimba da alma
Braços abertos a lugares infinitos
Nuvens que bebem os meus arrepios
Perguntas infinitas...mães de todas as respostas
Somos livros escritos....descritos...belos
Mas quem nos poderá ler?