Quem salva o Mochão da Póvoa?
(Vista parcial do Mochão em 2016, intacto)
O Mochão da Póvoa é o coração da Reserva Natural do Estuário do Tejo.Tem cerca de 1200 hectares de área, numa extensão aproximada de 10 km de comprimento por 1,2 Km de largura. Situa-se a meio do rio Tejo, entre Alcochete na margem sul e estende-se desde Alhandra até quase Sacavém na margem norte. Neste “coração” que é uma das maiores zonas húmidas da Europa, nidificam e passam o inverno cerca de trezentas mil aves. Entre elas, patos de várias espécies, flamingos, garças brancas e garças reais, corvos marinhos, águias pesqueiras, alfaiates, colhereiros, gaivotas de asa preta e muitas outras espécies de aves migratórias. Mas o coração do parque está doente desde 2016, quando um rombo num dique fez com que a maior parte dos terrenos esteja inundada. Ora certas aves como por exemplo os patos, nidificam no chão o que quer dizer que apenas possuem duas estreitas faixas de terra onde ainda lhes é possível construir os ninhos.
(Vista actual do Mochão, inundado)
Mas não se pense que este problema é desconhecido do governo ou da Agência Portuguesa do Ambiente, porque não é. Esta agência até elaborou um plano de recuperação do dique, e em maio de 2018, a obra que deveria ser de emergência, até teve honras de cerimónia presidida pelo ministro Matos Fernandes.
(Bando de alfaiates, ave escolhida para símbolo da Reserva Natural do Estuário do Tejo)
Depois das obras aprovadas e de haver uma empresa contratada para as efectuar, descobriu-se que o problema era mais grave,(claro que tudo foi agravado pela demora na recuperação do dique) e que já havia mais rombos.
(corvo marinho com gaivota)
E qual cereja no topo do bolo, acabo com um excerto de um artigo publicado no jornal Público.
"Por isso, o MATE sustenta que “a situação detectada não era expectável à data da abertura do procedimento resultando dos elevados níveis dos caudais do rio Tejo, que ocorreram entre os dois levantamentos efectuados – em Maio de 2017 e Junho de 2018. A ocorrência de caudais excepcionais em Março e Abril de 2018 fez com que a evolução do rombo fosse drástica e repentina, não sendo compatível a reparação do rombo com a solução definida no projecto”.
(garça real em plena actividade piscatória)
E sabem qual vai ser a solução definitiva do projecto? Nada se vai fazer!
(narceja)
Só espero estar enganado!
(jovens patinhos)
(flamingos)
A não ser que isto se torne viral e as pessoas se ergam contra este atentado à natureza.
(garça real)
Que afinal é de todos nós e não pertence a nenhum governo.
(flamingos)
Agora pergunto, onde anda o PAN, os Verdes, a Zero? Onde andam as vozes que só se preocupam com os animais de estimação e abandonam a vida selvagem?
(garça branca pescando
(gaivotas)
E é ao lado de toda esta beleza natural, que Santana Lopes sugere que se faça o novo aeroporto de Lisboa, (em Alverca onde já existe uma base da Força Aérea), em vez de no Montijo. A este tipo de solução chama-se chover no molhado.