Quero amores festejados em lagos imensos
Eu sei que o caos se vai abrir em fogo
Sei que nos estertores da noite as minhas imprecações amorosas se vão assustar
Sei que me crivarei de espinhos e que perderei as penas que enfeitam o meu telhado
Mas nada me acalmará...
Nem as minhas mãos que amassam o sol e o transformam numa bola de gelo
Nem a vassoura que escondo atrás da porta para vaguear
Nem os tristes copos de cristal pelos quais bebo o chumbo a ferver
Mas..não renegarei nada...
Não me queixarei de nada...
Sou o único culpado pela minha inocência
Sou o único culpado por ter quebrado a minha estrela...amaldiçoada
Sou o único culpado por ter bebido segredos de sangue
Que me roem como bandeiras ao vento
E ter usado colarinhos que me couraçavam a vergonha
Que a tapavam...como mãos sobre lábios sem espaço para beijos
Mas eu quero beijos...quero olhos...paz...corpos...
Quero amores festejados em lagos imensos
Quero noites solares...quero enjoar-me de ruas e passeios
Onde as camas se precipitam num vai-vem ocasional
E os lençóis engomados gemem de aflição...
Perante um relógio de pêndulo....Parado de estupefacção...
Pela nossa incandescência!