Recônditos lugares
Passei pelos gestos...pelas cores
E deixei para trás os retratos
Embarquei num eco feito de estátuas
Aprisionei os barcos
E tirei proveito da infindável solidão dos pauis
Ainda hoje vejo as formas e as razões que o tempo carrega
Tempo aberto ao riso das viagens
Aos ossos que carrego como uma bagagem
Ao súbito sentir dos ventos e ao rumo das areias
À força inesperada da solidão
Ao corpo e ao sentir dos espelhos
Queria relatar a força das flores
E o secreto abandono das medusas
Passei pelas algas e cresceram-me os instantes
Magoei a visão nostálgica dos dia
Saltei com as corças e voguei pelos teus olhos
Enigmáticos sons imitavam o teu sorriso
Debrucei-me sobre a tua boca
Escutei as lendas que contavas
Como velhas fábulas cheias de luminosa paz
Mas não esqueci a esparsa ausência dos teus sinais
E por breves instantes desci aos longínquos dias
Onde a brancura cristalina dos corais me falava de extensas ilhas
Que o incerto mar deixava conhecer
E que eu bebia como uma luz
Que atravessava os recônditos lugares
Onde possivelmente te encontrarias..