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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Redoma...

É tempo de falar da idade dos rostos que refulgem numa redoma de pele

É tempo de falar do sossego...e dos lábios que se apagaram num mar de estevas

É tempo de voltar à vertigem dos mastros e dos poros obsessivos da noite...

 

Não encontraremos o nosso verdadeiro rosto numa fotografia

Podemos olhá-la como restos invisíveis da passagem do tempo

Podemos até dizer mentiras nos labirintos abruptos do riso

Mas a noite...essa certeza que nos conduz aos confins do medo

A noite que não podemos despir...

É uma fantasia que nos assola como uma memória feita de profundos nadas.

 

 

Quando percebermos qual é a voz das letras

Quando dissermos que não nos lembramos da idade dos desejos

Quando os dias rebentarem nas flores dos cardos

E o murmúrio do peito for feito de uma dor insuportável

Abriremos os braços...

Abraçaremos a cumplicidade das sílabas que nos falam de coisas desconhecidas

Seremos o começo e o fim...

De todas as memórias felizes.

 

 

Quando o sol se despe dos seus contornos

Invento flores gestos e vulcões

Quando as feridas se abrem na lua

E a saudade parte o caule à distância

Construo um muro de pálpebras alquímicas

Que veem os pássaros a crescer nas árvores

E tecem o vazio das noites

Com as algemas da chuva que me cai nos braços...

 

E o tempo...é um muro trémulo a tapar o sol...

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