Repousei embalado pelos ventos da ternura
Repousei embalado pelos ventos da ternura
Respirando o perfume das coisas esquecidas
Abandonei-me aos caminhos que levam até aos dias melancólicos
E vi nascer a brisa misturada com o aroma das pétalas generosas
Depois percorri o caminho sentido do leite e do mel
E agora já não peço nada aos espinhos.
Já conheço a ansiedade que imperceptivelmente me leva aos jardins
Já sei que não posso retornar a mim...sou uma coisa esquecida
Sou o filho sem sentido dos dias perfumados
Porque ao ver nascer o mar azul...sentei-me na areia como se fosse o Rei das ondas
E vi as velas dobradas gemendo ao vento brilhante
E ouvi os gemidos loucos do sol reflectido na espuma
Que anunciava águas extenuadas pela rasura das margens.
Que levam aos campos lamacentos onde me agitei incrédulo...
Porque as borboletas bebiam a palidez das coisas.
Depois...gemi como um louco que procura as suas asas de cera luminosa
E...de repente.. levantei voo e pousei sobre a neve cintilante
Como se fosse uma rua de luz
Ou uma longa viagem sobre as elevações da alma
Que perene ...jazia.... no silêncio dócil do vazio...
Aguardando ansiosamente...a sua glória...a sua coroa...
Aquele momento em que o conforto venenoso do patíbulo...
Lhe trará a lucidez fecunda que a fará triunfar
Sobre o peso do seu corpo diáfano..que molhado pela volúpia
De um adeus...ou de um chão calado pela noite..
A faça florir sem piedade... do seu exílio voluntário...