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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

São ridículas as lágrimas que não choramos

Aqui..nesta fictícia ficção da realidade

A nossa pele molha-se..enruga-se...e um pigmento de tempo cola-se a nós

As mãos..sempre as mãos..os calos..a falta de palavras para dizer que chega

Perguntamos ao olhos..às lágrimas...são tão ridículas as lágrimas que não choramos

Olhamos o céu..esse enorme receio de um azul infinito...

Basta... de procurar forma e motivos para viver

Chega ...de amar o que não podemos medir com a nossas mãos

Raros são os sorrisos que caem dos olhos

Pedaços de nada..euforias..lábios a que basta apenas um pouco de coragem

Dentro da cabeça giram mundos..carnes...realidades irreais

As vidas são frases..a rotina é um ardor de alma...

Continua..nunca te faltarão os limites nem a faca da cozinha

Nunca te sentirás só nas ruas desertas...

Viverás com a raridade da vida dentro de um corpo

Nas ruas agitam-se bandeiras...os dias gastam-se dentro da nossa pele

As primeiras páginas dos jornais falam de coisas absurdas..

A paz dentro de uma bomba...uma criança dentro de uma jaula

Um homem dentro de si

Deixa-te estar..e irás caindo em direcção a uma noite de chuva

A uma promessa de verão..a um refúgio que fica para além de todas as ilhas

Olhamos em volta e vemos como todos fogem de si

Uma e outra vez...amarfanhados...promissores..desencantados

E se um dia o dia não tivesse vinte e quatro horas?

Se cada um pudesse inventar as suas horas?

Talvez assim as ruas não ficassem desertas..nem o tempo se tornasse excessivo

E depois..talvez a nossa silhueta...pudesse gostar da chuva...