São sempre os teus passos que me tocam as mãos...
Vem e deixa que a tua sombra seja a festa que passa rasando os olhos
Vem como se fosses o imortal momento do amanhecer
O momento que apaga a saudade e se concentra em nós...
Como se de um tempo indivisível se tratasse
Diz-me um adeus...agita-me...acorda-me do misterioso sono dos condenados
Sabes que se olhares profundamente..verás o tempo acre a sugar os poros das águas
Mas é sempre a tua voz que oiço..ignorando todos os silêncios
São sempre os teus passos que me tocam as mãos...
É sempre esse deslizar de caravela enegrecida pelo mistério das despedidas
Conseguirá o instante aprisionar as tuas mãos desertas?
Conseguirão os espelhos mostrar todas as nostalgias?
Envelhecemos..perdemos a festa..somos o pescador de mistérios
Por quanto tempo daremos por nós a percorrer a imortal beleza dos dias?
Debaixo da saudade dos xistos há um afagar de sedas
Há um pulsar de rugas nacaradas...um estremecer de sombras feitas de deuses
Não te enganes..é sempre o instante que comanda a eternidade
E nós somos apenas o voo da paciência..a cidade em festa..o imolar de fomes
Nas areias nascem olhos...são o lado fresco das feridas
Estica o arco..atira a flecha..é tempo de te salvares do tempo...