Se um dia estiveste num sítio onde havia flores....
Se um dia estiveste num sítio onde havia flores, agora pode ser que lá já não hajam mais flores. Mas tu podes lá estar lá, mesmo sem flores. Porque és único. Porque és um corpo que desde que nasceu sabe que ninguém o vai conseguir segurar nas mãos. Ninguém o vai possuir. Não há posse de corpos, nem de alma, nem de nada. Tudo é uma solidão acompanhada de silêncios que vivem entre as palavras.
O medo que é feito da falta de ter coragem. Que é feito da serventia que não fazes de ti, porque ninguém vai usufruir de ti. Tens de ser tu a respirar a tua coragem. A afastar o temor de seres tu
E os teus pensamentos? Essa solidão da alma que explode dentro da tua cabeça, para onde vão esses pensamentos que apenas tu conheces? Por onde andam esses olhares interiores que não sabes para onde vão?
Escapar aos dias. Conhecer os limites da alma. Arriscar. Enroscar a vida numa aventura sem nexo, porque nada tem nexo. Nada faz mais sentido que a falta de sentido da vida. É por isso que as pessoas escrevem. Pintam. Cantam. Inventam-se e reinventam-se. Tudo para estarem perto de si. Porque todas as coisas que saem de si. São a sua companhia. O seu aval para a solidão.
Ninguém jamais penetrou no mais profundo de outra pessoa. As pessoas são impenetráveis. São duras como as horas. São silêncios e angústias, e, contudo, todos queremos viver. Sempre mais algumas horas. Todos queremos esperar sempre mais alguns minutos, antes que o tempo se acabe.