Secamos as alegrias com maneiras de uma nobreza inata...
Embrenha-se a névoa pelos recantos onde a luz vacila
Das bocas sai o fumo da madrugada que se derrete num arrependimento
Misturando-se com a magia de um lume seminu que aquece os rostos
Não há perdões espreitando pelas portadas fechadas
Não há pinturas de mulheres tardias nem róseas criaturas aparecendo à janela
Todos os sentidos se ajoelham num estrado ressequido
Todos os abandonos se entregam às catástrofes...
E as aves espantam-se...batendo as asas com gestos rasgados por pedaços de luz
Nas lajes dos adros ardem telas indefinidas...rugem cóleras aflitas...
E lívidas...as raízes pintam-se de orvalhos vermelhos...
Por fim...o mundo encanta-se...o sol torna-se uma rua calcinada...
E nós amamos o arrependimento... exaustos de humildade...
E secamos as alegrias com maneiras de uma nobreza inata...
Porque temos os olhos embutidas num rosto que desafia a rudeza da inconsciência
E caminhamos...simples e fáceis...pelos dias que as cores das paredes desafiam...
Tropeçando na satisfação suprema...
De sermos como portas forradas por tapeçarias maravilhosas...
Que se abrem para o espanto de uma pintura em seda...
Como uma exaustão embriagada por corais vermelhos
Por onde a chuva escorre em gotas de resina
Traçando um sulco no rosto...daqueles que secam os olhos com lenços de seda...
E imploram que os deixem ser apenas uma imensa vida...
Onde o tempo se entalhe...como uma caligrafia feita por mãos talhadas pela rudeza!