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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Seduz-me a água

Seduz-me a água que corre sob os fundos calados do magma

Seduz-me o fogo inexistente nas rochas negras...nuas como sangue exorcizado

Vertendo negruras pelas vértebras instantâneas das sombras

Alastra o pó em redor de um eixo imaginário...luz e universo fundem-se numa asa de cristal

Na terra ...extensas mãos conspiram sob débeis sóis alucinados

Há tão poucas horas para se ser ave...tão pouco tempo para lavar as vertigens

Que na brutidade vazia do mundo..as coisas inclinam-se em gritos intransmissíveis

E o mar...e os gritos...e a s rochas que cobrem a água exacerbadamente pura

Dizem-nos que das folhas caídas nascem voos de pássaros

Que debaixo dos nossos joelhos...há um lugar vazio...uma cidade que se escancara...

Como um lago extinto onde as árvores já não espalham sombra

E é assim...o dia alastra...dói...espeta-se no punhal dos dedos...

Na conspiração dos becos estreitos há uma pele áspera...imóvel

Como lábios que esperam a luz carregada de poeira...