Sei o que o teu corpo procura
Percebo que guardas em ti todas as noites do mundo
Sei que o teu corpo procura
A aura luminosa de todos os lugares
Por aqui segues à procura dos segredos
Além desistes da memória descolorida dos sonhos
E os dias chegam assobiando ao esquecimento
Prata lavrada em corpo simples
Riso esculpido em flores de cardo
Se a luz germinasse dentro dos teus olhos
Talvez os recantos do silêncio te escutassem
Talvez o avesso da noite
Não fosse mais que uma imagem feita de poros suados
Percebo que a penumbra partilha contigo
Os restos do medo de te perderes
E que a tua imagem
É uma fonte de pedra desgastada pelas lágrimas
Talvez descubras
Que no vazio dos desejos há vida enclausurada
E que das fragrâncias do cristal brotam cores irreconhecíveis
Do fundo mais esquecido de ti
Erguem-se imagens de lugares que não pisaste
Odes de tempos desgastados pela idade
Distraem-te do segredo onde te revelas
Suspensão de vazio...longínquas tempestades
Corpo de ametista fingindo vida
Aqui..no zénite grotesco do meu rosto
Revelo-te o meu nocturno riso...angustiado
Como uma pirâmide marcando a espessura da tarde.