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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

Onde a solidão se acoita...

 

Queria tanto que um pedaço de mim acordasse na lisura desta página

Que tudo o que é inexplicável escorresse pela agonia da terra

Que as pontes rolassem...que as águas esculpissem vozes nos rochedos

Que o mundo se inclinasse...e os dedos se enchessem de paisagens

Que os pântanos brilhassem nos olhos das paixões

E o mar fosse uma torre de marfim a sonhar brisas aladas

Se eu te chamasse erguerias os braços?

Se eu te dissesse que um barco é um caminho de vento...virias?

Não há praia que não ouça o chamamento das marés

Nem enxurrada que não se quebre de encontro ao teu peito florido

Desfaço-me em estrelas....invento apetites de imagens...bebo os ritmos das folhagens

Sei que as sombras da terra são frias..que as plumas têm porte altivo

E que o galope dos meus gestos é uma densa neblina

Sei...que os meus olhos voam felizes por fora do vento

Que dentro das grutas há densos planetas..rastos de tempo indizível

Sei que me arrasto pela espuma de um dia que se cola ao corpo

Que uma vertigem se desenrola perante as asas dos véus

Que o mundo se desequilibra sempre que um vazio se desprende de mim

Porém nas folhas da tarde vejo os espaços onde os braços giram

Onde a solidão se acoita...nesse caminho sem fim nem segredo

Presa... num corpo que rola pela colina do vazio.