Sementes
De onde vêm os rios...que atamos ao nosso corpo com uma corda feita de anjos?
Que nos penetram num tempo sem sono...
Um tempo recolhido num silêncio que devora a eternidade
Orgulhosos dormimos como criaturas celestiais...
Morando num sol estilhaçado por sonhos
E acordamos numa terra que nos alimenta o nome...que nos dá um corpo...
Que nos abocanha a carne...que nos diz que é já ali o sol-pôr...
Ah...minha aldeia feita de estrelas indistintas...vidas sem nome e almas sem corpo...
Dormindo no sussurro do silêncio maravilhado pelas gotas de água
Que escorre...dos nossos olhos líquidos...
Firmamento da semente que nos produziu...
Bem maior é a luz onde todos os sóis se escondem...e todos os pés pisam...
Ah... celestial dia em que dormimos sobre a resposta...como Pais da Vida...
Atravessada por riachos feitos de golpes e cicatrizes...cordas onde nos seguramos...
Aguardando a penumbra alucinante da eternidade...
Ou os segredos escondidos...
Que revelam os corpos onde depositámos sementes.