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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Sempre a tecer dias

Olha para bem fundo de mim

Sou o Deus de um Absoluto inacabado

Sou a desobediência afundada num assombro

Sempre em trânsito

Pela loucura de tudo o que é efémero

Sempre a tecer dias

Que depois enterro em pequenos fragmentos

Assombros...lábios...solidões

Tudo se desmorona sobre mim

E tudo se quebra em mim

Tudo é um pequeno riacho correndo para o infinito

Tudo se esfuma num tempo despiedado...

 

Já não conto estrelas....

Nem acredito nas fábulas

Que usava como anéis encantados

E que já não enfeitam os meus dedos frios

Sou uma ave que canta com os olhos

Perdi a voz...numa inexistência rara

Sou uma lei imposta pelo destino

Embrulhado numa febre...serpenteante

Não procuro mais saber

Como o tempo lambe as mãos

Não procuro mais saber

Como se esquece tudo o que se esfuma

Já não me imito

Já não me curo com desprendimentos

Arqueio agora as minhas costas

Sob o peso de um retrato desbotado

Minguei...

Sou tal qual as nuvens negras

Que escondem partes de um céu incompleto

E...para desespero da urze e da giesta

Não quero conhecer a viagem que chega

Enfeitada com grinaldas

Sonhada por um momento arrebatado...

Fui proclamado proscrito

Porque abusei do desconhecido...

E agora...a minha alma áspera e absurda

Desassossega o dia

Equilibrando-se numa minguada linha

Que um tédio imenso santifica...

 

 

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