Sinais
Há um sinal de mim em cada lua que espreita pela fresta da minha janela
Uma humidade desolada a envolver todas as ruas da cidade
Odores a terra espalham-se pelo espelho das faces...
Insónia de mar a espreitar pelo cabo do mundo
Estrela confusa que amanhece num charco de urina
Gelo de lua...planta de fel ... inacabada felicidade...assassina de vazios
Salmoura infindável que se desdobra pelas janelas do ar
Notícias de jornal colam-se à minha pele
Falam-me da infindável busca da razão...dos gritos obscenos dos oceanos
Dos homens que se contorcem em espasmos de lama e fígado
Lisergia de ácido plano...doce flor da loucura das luzes...cores caleidoscopiais
Vermelhas...amarelas...impossíveis...atrozes como frutas amargas
Amarram-se a mim como troncos de néons oscilantes
A chuva desce pelos ramos das árvores...chuva colorida...fantástica
Um homem fala dentro de um instante...desce pela confusão dos telhados
A pele da memória solta agudos laivos de fome...encerra-se numa luz metálica
A música toca...The Tubes...lago sonoro...ave escura...
Corro...sonho...estico os dedos...agarro a luminescência dos astros
Sou a imensa fúria gelada do sol ...